As hepatites virais representam um grave problema de saúde pública em todo o mundo. Este mês é dedicado à campanha “Julho Amarelo”, que tem por finalidade reforçar as ações de vigilância, prevenção e controle da doença. No Brasil, as hepatites virais mais comuns são causadas pelos vírus A, B e C. Existem ainda, com menor frequência, o vírus da hepatite D e o vírus da hepatite E, que é menos comum no Brasil, sendo encontrado com maior facilidade na África e na Ásia.
Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas-OMS), cerca de 1 milhão de pessoas morrem por ano no mundo em decorrência das hepatites virais, com 3 milhões de novos infectados ao ano. No Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Estudos do Fígado (IBRAFIG), cerca de 1 milhão de pessoas têm hepatites virais e que desconhecem ser portadoras da doença, que é silenciosa e pode levar à cirrose e ao câncer de fígado.
Segundo a coordenadora estadual de Hepatites Virais, Marília Magalhães, as hepatites virais tem cura. De acordo com ela, o que gera a cronicidade dos vírus B, C e D é o diagnóstico tardio, pois geralmente não apresentam sintomas e, quando apresentam, demora décadas para aparecer, o que aumenta as chances de resposta ao tratamento e de cura.
No Pará, dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan Net) apontam que foram registrados 982 casos da doença em 2019 e 449 em 2020. “Em 2019 a visão dos dados são mais concretos, visto que 2020 foi um ano atípico por conta da pandemia, o que ocasionou a queda em diagnóstico e notificação”, lembrou Marília Magalhães.
O Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Pará (Cosems-PA), por meio da área de Vigilância em Saúde, atua diretamente com o Estado e municípios no sentido de apoiar nas ações de controle das hepatites virais. A rede de diagnóstico/triagem das hepatites B e C está descentralizada para os 144 municípios do Estado em suas Unidades Básicas de Saúde sendo disponível para a população geral. “O resultado sai em 20 minutos e é totalmente sigiloso. Se necessário, o usuário do SUS será inserido na rede de saúde para a investigação adequada do diagnóstico e escolha do tratamento”, acrescentou Marília.
Com relação ao tratamento, os remédios estão disponíveis em 14 Unidades Dispensadoras de Medicamentos Especializados. Atualmente, a referência de atendimento no âmbito estadual é o Hospital Santa Casa. “A partir do segundo semestre, a previsão é de ampliação estratégica para o diagnóstico inicial, complementar e tratamento do vírus B, C e D nos Serviços de Atendimento Especializados. Assim, vamos otimizando o acesso ao tratamento dos pacientes”, reforçou a coordenadora.
Os sintomas da hepatite de modo geral são dor abdominal, inchaço na barriga, amarelamento da pele (icterícia) e dos olhos, náuseas e vômitos, urina mais escura que o normal, coceira na pele, perda de apetite e fadiga e cansaço. As formas de transmissão podem ser por meio do contato com sangue e outros fluidos contaminados, compartilhamento de objetos perfurocortante (material de unha, lamina de barbear, escova de dente), relação sexual sem o uso do preservativo, ingestão de água e alimentos contaminados com coliformes fecais. Atualmente existem vacinas para a hepatite B e A, para crianças até 5 anos de idade.