Aconteceu nesta segunda (20) e terça-feira, (21), no auditório da Delegacia Geral da Polícia Civil, o “lll Encontro Estadual dos representantes regionais e municipais para o Enfrentamento da Doença de Chagas no Pará”, com objetivo de aperfeiçoar o direcionamento de ações para o enfrentamento da doença no estado. Na mesa oficial de abertura do evento o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Pará (Cosems/PA) foi representado pela secretária de saúde de Barcarena, Mílvia Carneiro.
No primeiro dia do evento, a programação trouxe uma apresentação sobre a epidemiologia da doença de Chagas no Pará. Numa miniconferência, os participantes também debateram sobre a rede de entomologia no Pará e, em seguida, eles tiveram uma mesa redonda com a temática sobre a investigação de surto da doença de Chagas. A vigilância sanitária e a atenção primária no surto também foram temas abordados.
O assessor técnico da área de Vigilância em Saúde do Cosems/PA, Antônio Jorge Araújo, participou da mesa redonda no segundo encontro, que discutiu a importância da integração no combate à doença de Chagas no Pará. O debate chamou a atenção para a importância da prevenção no setor agrário e nas escolas. O Decreto 326/2012 e a rastreabilidade na cultura do açaí também foi lembrado. Neste momento estiveram presentes ainda representantes da Sespa, Seduc e do Ministério Público.
Segundo a Sespa, de janeiro a agosto de 2023 foram feitas 1.480 notificações de doença de Chagas aguda. Dessas, 194 casos foram confirmados (13,11%), outros 294 casos seguem em investigação/aguardando resultado de exames. Comparativamente ao ano de 2022, no ano atual houve um aumento 17% das notificações e um aumento de 67% do número de casos confirmados, ocorrendo em 53,9% em pessoas do sexo masculino e 46,91% no sexo feminino.
Ainda de acordo com a secretaria estadual de saúde, as regiões de saúde com o maior número de casos foram a Metropolitana I (57casos), Tocantins (62 casos), Marajó I (51 casos), Marajó II (12 casos), dos 144 municípios do Estado, 22,92% apresentaram casos confirmados. “Contudo não devemos esquecer que ainda é grande a subnotificação dos casos. Isto é, poderíamos ter uma compreensão maior deste problema de saúde pública se melhorássemos a notificação da doença”, observou Antônio Jorge Araújo.”
A Doença de Chagas é uma doença infecciosa sistêmica decorrente da infecção humana por um protozoário parasita do sangue e dos tecidos, o Trypanosoma cruzi, transmitida por vetor ”Barbeiro” que quando infectado, possui em seu tubo digestivo este protozoário, que é o agente etiológico da doença. Os mecanismos de transmissão são bastante variados: vetorial, transfusional, por transplante de órgãos, congênita ou vertical por via transplacentária, pelo aleitamento materno, via oral pela ingestão de alimentos contaminados com o protozoário, e ainda acidental em laboratórios ou serviços de saúde.
Esta doença faz parte do rol de doenças negligenciadas que também são chamadas de doenças socialmente determinadas, atualmente o Pará é responsável por mais de 80% dos casos de Doença de Chagas que ocorrem no Brasil, notadamente a infecção por via oral tem sido a mais prevalente.